terça-feira, 24 de junho de 2014

CAP. 127—— 2 TEMPORADA -PONTO FRACO: TUDO PODE MUDAR DO DIA PRA NOITE

Sophia Narrando
Fomos direto para o Restaurante. Estava vazio, para nossa sorte. Sentamos numa mesa perto da janela, pois estava muito calor, e lá seria refrescante. Fizemos nossos pedidos e não demorou muito para que o garçom trouxesse nosso almoço. Comemos tranquilamente, envolvidos nas perguntas de Julia e nas risadas maravilhosas que a mesma soltava dentre uma garfada e outra…Ficamos nesse clima até nossa atenção ser levada para uma mulher que entrava no restaurante, ela era atraente, e estava vestida com uma roupa um tanto quanto ousada chamando a atenção das poucas pessoas que ali estava, isso não era nada, se não fosse o fato de ela estar com um bebê lindo nos braços. Por que justo hoje eu tinha que ver uma mãe alegre com um bebê nos braços? Parece praga. Sim, estava começando a ficar nervosa com tudo a minha volta, qualquer coisa estava me irritando, até a felicidade alheia. Respirei fundo tentando me acalmar, afinal, não era possível se esconder das pessoas, crianças estavam em todas as partes, e essa seria uma cena que eu iria ter que aprender a conviver… Então tomei um gole do meu suco tentando me distrair, mas tudo foi levado à tona quando a mesma sentou ao nosso lado chamando a atenção de Micael:
-Mica? – ela perguntava surpresa – É você mesmo?
-Oi…- ele disse desconcertado olhando-a – Nos conhecemos?
-1°ano do ensino médio – ela respondeu – Eu era a loirinha que dançava com você nas competições escolares, aquela que você beijou nos corredores da escola, o que nos trouxe uma expulsão. Você não deve estar reconhecendo por causa do cabelo, mas acho que…
-Vivi ? – ele dizia surpreso e eu só fiquei filmando aquela cena.
-Isso, você se lembrou – ela disse sorrindo e ajeitou o bebê no colo.
-Caramba que coincidência – ele disse e a abraçou fortemente – Quanto tempo. Por onde andou?
-Bom, depois daquele ano eu fui embora para Belo Horizonte. Achei melhor recomeçar, te esquecer era uma boa forma de mudar – disse sem graça.
-Ahh sim, entendo – ele me olhou e percebendo minha cara de fúria logo me apresentou – Essa daqui é a minha noiva, Sophia.
-Noiva ? – Ela perguntou lutando contra aquelas palavras – Você vai se casar?
-Prazer – Sophia deu um passo à frente e abraçou Mica dando um beijo em seu rosto- E sim, vamos nos casar em breve.
-Nossa, você casando Micael? Quanto tempo fiquei longe?  – ela sorriu
-Nem vem com graça, afinal quem esta com um bebê lindo nos braços, é você – ele disse rindo.
-Nossa, nem apresentei né? – Ela tirou a manta do rostinho do pequeno que ainda dormia – Esse é o meu filho, tem apenas seis meses, mas é grande o bastante para enganar as pessoas.
-Que garoto lindo – ele disse – posso pegá-lo ?
-Claro ! Até parece que eu recusaria algo para Micael Borges- sorriu e entregou o pequeno calmamente colocando-o nos braços de Mica.
-Ele realmente é perfeito – Micael disse e aquilo me “matou” por dentro. A minha vontade era de sair correndo e ir embora daquele maldito restaurante. Aquela cena era demais pra mim, não ia aguentar por muito tempo. Tentei não chorar, não pensar em nada, mas agora, vendo- o com um bebê nos braços a dor era mais gritante, mais intensa, absurdamente massacrante. Foi aí então que ele me chamou – Olha amor, ele não é lindo?
-Sim, é….muito lindo – disse tentando conter as lágrimas
-Pegue-o Sophia – Vivi dizia – Ele é bem quietinho-  Então Micael o lançou em meus braços. De primeiro não sabia como segurá-lo, aquilo era novo pra mim, e ele era tão lindo, que me fez, sem querer, soltar um largo sorriso. Alisei seus cabelos calmamente e observei todos os traços.
-Parece um anjo – disse segurando as mãozinhas pequenas- Qual o nome ?
-Micael – ela disse sorridente e naquele momento meu mundo parou.
-Micael ? – disse tentando conter o nervosismo – Você só pode estar brincando, deu o nome do meu noivo para seu filho?
-Calma amor – Micael disse me segurando por trás.
-Calma? Você ouviu o que ela disse? - Perguntei olhando fixamente em seus olhos.
-É só um nome …- ele disse pegando o bebê dos meus braços e o devolvendo para Vivi.
-Aiii me desculpe, eu não queria causar uma briga entre vocês é que…
-Não peça desculpas Vivi, você é minha amiga e Sophia só ficou alterada não é mesmo amor?
-Ah claro, não é sempre que as antigas “namoradinhas” do meu noivo aparecem com um filho nos braços e dão seu nome para Ele.
-Me desculpe Sophia, mas é que no ensino médio eu dizia que se tivesse um filho colocaria o nome de Micael nele, sempre achei bonito e em minha cabeça o nome o faria se parecer com ele…Eu não pensei que fosse ofender e…
-Que isso Vivi, não ofendeu em nada….- ele tentava me acalmar.
-Vocês não podem brigar – Julia dizia vindo até mim. A pequena estava a todo o momento nos observado e só agora eu percebi que ela queria chorar.
-Princesa ! Não estamos brigando, apenas conversando – disse beijando seu rosto.
-É sua filha Micael ? – Vivi perguntava se intrometendo na conversa.
-Não. A tia Soph e o Tio Mica estão cuidando de mim, e eu não gostei que você fez eles brigarem – Julia disse brava.
-Amor, não é assim que tratamos as pessoas lembra? – Micael a pegou no colo -  Me desculpe mais uma vez Vivi, sabe como são as crianças né?
-Que isso Mica…eu só vim aqui pra comprar um café, e já estou de saída – ela disse pegando a bolsa do bebê.
-Nós também estamos de saída – ele me olhou – Vou pagar a conta e já venho – Beijou meu rosto e saiu deixando Julia sentada na cadeira com seu sorvete e ao meu lado estava a vivi.
-Desculpa, eu não queria causar má impressão – Dizia tentando deixar o ambiente agradável.
-Não preciso de suas desculpinhas esfarrapadas – ela disse mexendo o cabelo - Micael vai casar com uma cobra. Coitado, nos amamos tanto no tempo de escola, e ele acaba com você. Muito mal gosto.
-O que esta dizendo ? – disse nervosa.
-Isso mesmo que você ouviu. Ele ficou sem graça perto de você porque antigamente éramos namorados, apaixonados se você quer saber, só terminamos por um acaso da vida, e hoje me entristeço ao ver com quem ele terminou.
-Olha aqui, você não tem nenhum direito de falar isso comigo e…
-Quando vai dar um filho à ele? – ela desconversou – Viu como ele ficou todo derretido com meu filho? Pois bem, se quiser segurá-lo terá que dar um à ele…
-Poupe-me seus comentários. Nosso amor é bem maior do que…
-Amor? Nossa Sophia, onde Micael encontrou você? Num convento? Ou melhor, num castelo? Querida o “amor” só existe nos livros, você não se acha grande demais pra ficar acreditando nele?
-E esse bebê aí veio como?
- Acidente – Ela sorriu – Um acidente que eu tento concertar até hoje, mas olhando Micael acho que já encontrei a solução…
-O que esta dizendo? – me aproximei – Se você cruzar nosso caminho mais uma vez juro que …
-Vai me ameaçar ? Olha, quem tem que se sentir ameaçada aqui é você. Trate logo de arrumar um filho, homem de preferência, ou Micael vai te deixar…
-Cale sua boca – disse não aguentando as lágrimas que insistiam em correr e Julia se aproximou segurando minha mão – Vamos embora princesa.
-Isso, vai embora mesmo Sophia. Corre, e vê se por descuido desaparece. Estou morando no Rio de Janeiro, por isso prenda Ele em sua casa, porque se deixar solto já sabe né? Não vejo problema algum em encontrar um pai pro meu filho ….
-CHEGA … SE VOCÊ OLHAR PARA O MEU MARIDO EU JURO QUE TE CORTO EM PEDAÇOS, MANDO CADA PARTE DE SEU CORPO PARA UMA CIDADE E NO FIM FICO COM SEU FILHO- Disse alto e respirei tentando voltar a si – E antes que você me pergunte, essa não é uma ameaça, sou uma mulher que foi traída pela vida várias vezes, e com isso aprendi a ser fria o bastante para te matar sem nenhuma dó.
-Vou esperar então essa sua “valentia” surgir. Guarde-a bem, pois vai precisar.
-Não se esqueça, por trás de um rosto frágil e sereno existe um passado tão doloroso, e uma pessoa tão forte que vai se admirar. Nunca se deixe levar pela aparência, pois os fortes sempre parecem ser fracos.
Depois que aquelas palavras saltaram da minha boca quase que automaticamente, eu peguei Julia e corri para fora do restaurante, não aguentava ficar lá dentro um minuto a mais, encostei-me ao nosso carro e tentei me recompor. Olhei para Julia e pelo seu rostinho percebi certa preocupação, Ela então beijou minha mão e sorriu. Não demorou muito e Micael veio correndo em nossa direção, aparentemente desesperado:
-Querem me matar de susto ? Estava conversando com o garçom e de repente vocês sumiram.
-Você nos deixou com uma cobra – disse fria.
-Sophia você esta muito …
-Enganada? Então ta bom, volte e fique com ela – disse nervosa e entrei no carro com Julia.
-Para de graça, viemos juntos esqueceu ? – ele disse – E a Lua acabou de me ligar querendo saber da Julia. Eu insisti que ela a deixasse com a gente, mas não deu certo. Ela nos deu cinco minutos para irmos ao convento, parece que a Julia precisa conversar com alguém lá;
-Não acredito – encostei minha cabeça no banco – Justo hoje que queria ela comigo…
-Tia Soph, eu prometo que venho te ver…Juro de mindinho.
-Então ta bom – disse e a peguei no colo. Não demorou muito e Micael entrou e deu partida no carro nos direcionando até o convento. O caminho nunca fora tão longo. Tentei não pensar no que Vivi havia falado, mas era quase que impossível. Não era medo de perde-lo, mas era medo do que a vida estava planejando pra mim agora. Fugi de meus pensamentos quando o carro parou e a Julia saiu batendo a porta .
-Tchau tia Soph – ela acenava na janela
-Tchau minha princesa. E me desculpe por…
-Shiuu – ela colocou sua mãozinhas nos meus lábios – Não liga para aquela Bruxa . O tio Mica te ama, igual Romeu amava Julieta – disse e sorriu.
-Espero não morrer de tanto amor então – brinquei e beijei seu rostinho lindo. Ela então se virou e foi de encontro com a Madre que estava á sua espera na porta e depois disso sumiu. Encostei-me novamente no banco e fechei os olhos, só queria que aquele pesadelo acabasse o mais rápido possível. Agora com Julia longe sabia o quão seria difícil minha noite.
-Podemos ir? – Micael perguntava – Não quero correr o risco de você descer do carro e resolver se trancar aí novamente.
-Bobo – risos – Se bem que dá forma que as coisas estão acontecendo se trancar aí não seria uma má ideia.
-Não diga isso nem de brincadeira – Ele disse se livrando do cinto de segurança e se inclinando para me beijar.
-Pensei que estava nervoso comigo – disse
-Estou…mas um beijo bem gostoso pode me acalmar- ele me puxou colocando nossos lábios perto um do outro mas eu virei o rosto- O que foi ?
-Também estou com raiva de você, muita raiva, e só um beijo não vai resolver…To precisando ser acalmada… – disse e saí do meu banco indo sentar no colo de Micael.
-O que você quer então ? – ele dizia alisando minhas costas.
-Que você me possua aqui - beijei seu pescoço
-Para com isso amor, estamos dentro de um carro – ele disse olhando para os lados – E pra piorar estamos na frente de um convento, isso não é legal.
-Se você não fizer isso eu vou ficar com muita raiva de você, mais raiva do que já estou. É melhor me acalmar agora eu farei greve.
-Greve ?
-Um mês sem me tocar. Vai aguentar ?
-Com greve ou sem greve aqui não dá amor, chegaremos em casa em minutos.
-Amor – disse com voz dengosa – Eu to um pouco triste, e preciso de você agora…
-Minha Julieta anda muito…
-Apaixonada – disse por fim – Fica comigo ?
-Sempre meu amor – ele disse e me beijou ardentemente

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