Sophia Narrando
Os dias voaram. Nem acredito que daqui a algumashoras eu estarei dentro de um avião indo pra casa. Até parecia um sonho, mas se o fosse, eu nem quero acordar. Eu e Micael estávamos no carro em direção à casa de sua mãe. Não demorou muito para que chegássemos ao nosso destino. Então, descemos do carro e já fomos recebidas por sua irmã que vinha correndo em nossa direção.
-Princesa ! – disse enquanto a abraçava.
-Soph, que saudade, você nunca mais veio me ver – ela disse baixo.
-Eu estava passando por alguns contratempos, mas já estou aqui – disse beijando seu fino rosto.
-Ei você não lembra de mim não é ? – Micael dizia pegando a irmã no colo e girando a mesma no ar.
-Aiii Mica, me solta, me solta – ela gritava gargalhando – Eu juro que não esqueci de você.
-Bom mesmo, porque eu tenho uma novidade, e se você tivesse esquecido eu não ia contar.
-Novidade? Qual? Quero saber….- dizia eufórica.
-Vamos entrar primeiro e jantar, depois a novidade – Mica disse desapontando-a. Mas logo entramos na casa.
-Olha só quem está aqui, os sumidos! – Dona Antônia dizia reclamando enquanto colocava um prato de lasanha na mesa, o que me fez lamber os lábios- Vocês acham que podem sumir assim e voltar quando bem quiserem ?
-Mãe, deixa de neura, eu liguei explicando que tudo estava ótimo com a Sophia.
-Eu sei, mas ligação é pra quem mora em outra cidade não acha?
-Desculpa , é que depois do acidente Sophia ficou de repouso, aí veio a viagem, e tudo mais. Nossa vida ficou uma correria.
-Vou desculpar só porque estamos falando da Sophia….
-A propósito Dona Antônia…Será que posso comer um pouco dessa lasanha ? Estou morrendo de fome – Disse sorrindo.
-Mais é claro minha filha, sente-se aqui – respondeu me servindo um pedaço de lasanha.
-Amor, já com fome? – Micael perguntava enquanto ria da forma como eu comia.
-Claro, não é você que esta comendo por dois…
-Por dois? – Dona Antônia perguntou surpresa- Então, Camile tinha razão. Você está grávida Sophia?
-Sim, mãe, pode comemorar. Seu neto já esta a caminho – Micael disse sorrindo e me deu um beijo.
-E vocês só me contam agora…eu achei que a Soph….
-Ficamos sabendo há pouco tempo também… Digamos que seu filho queria fazer a surpresa hoje.
-Aiii eu vou ser avó… Não acredito – ela dizia emocionada- Vocês vão me dar um neto.
-Dona Antônia , por favor não chore- Dizia abraçando-a.
-Meu filho já é um homem – dizia em lágrimas – Mas eu não vou chorar porque isso é motivo de comemoração.
-Isso mesmo mãe, nada de lágrimas por aqui hoje, eu e a Sophia estamos muito felizes – ele disse sorrindo.
-Não vejo a hora do casamento de vocês chegar, vou chorar feito louca.
-Pode ir se preparando, faltam apenas meses agora – Respondi sorrindo.
-E eu vou estar lá, ao lado de vocês, podem ter certeza – Dona Antônia disse, e nos abraçamos.
-Sabia que estava vindo bebê por aí – Camile entrava correndo na cozinha – Eu sempre soube.
-Você sempre esteve certa princesa – disse – Agora vai ter um bebê pra você cuidar.
-Soph, depois que ele nascer você vai querer mais? – Ela perguntava.
-Se depender de mim, vamos ter um atrás do outro – Micael dizia rindo.
-Ah claro, você aproveita e vai no meu lugar na hora deles nascerem – Disse rindo, e todo mundo começou a rir logo em seguida. Passamos a noite assim, rindo, brincando, tudo em família, eu sentiria muita saudade disso.
Mas ficou tarde demais, e decidimos voltar pra casa. Fomos até o portão, e lá avistamos as carinhas tristes de Dona Antônia juntamente com Camile, aquilo cortava o coração, mas era uma etapa que precisávamos vencer, a gente precisava recomeçar bem longe daquele lugar. Demos um abraço em conjunto e entramos no carro. Do lado de fora elas acenavam tentando segurar o choro que insistia em cair. Abaixei o vidro do carro para acenar:
-Nos vemos no casamento ! – disse sorrindo.
-Cuide do nosso bebê Sophia – Camile falava – Não esquece !
-Pode deixar – Respondi sorrindo e o carro ganhou velocidade deixando para trás aquelas que faziam parte da nossa história.
Fomos o caminho inteiro, calados. Eu percebi o quanto Micael estava triste, de certo ele nunca fora de se mostrar muito, sempre manteve sua postura nos momentos difíceis, mas eu sabia que aquela aparência feliz guardava consigo um lado tristonho, pensativo e um tanto quando duvidoso as coisas que iriam acontecer.
Não demorou muito e chegamos em casa, calados, da mesma forma. Aquilo já estava me incomodando. Quando chegou a hora de dormir, ele deitou na cama e se enrolou. Virou de lado e dormiu. Eu me aproximei dele e o abracei, fiquei assim por um momento até que ele se mexeu, percebi que ele tinha acordado, então quebrei o silêncio:
-Se você estiver arrependido a gente pode ficar…- disse alisando seu braço – podemos nos casar aqui, vender aquela casa e…
-Amor, eu não estou arrependido – ele me puxou para si.
-Então o que foi?
-Eu apenas estou pensando em como vai ser deixar minha família. Elas precisam de mim, e isso é complicado…
-Eu sei, mas se você quis…
-Shiu – ele colocou o dedo em minha boca- Eu estou feliz, e isso basta.
-Eu te amo Mica, te amo muito- disse o fitando.
-Eu também te amo loirinha – ele me beijou- mas agora você precisa dormir, foi um dia cheio pra nós dois, precisamos de descanso…E você precisa mais ainda, porque tem uma pessoinha aí dentro que deve estar cansado…
-Verdade – risos – Eu só queria cuidar de você.
-Já esta cuidando de mim, quando cuida de você – ele me abraçou – agora durma minha branquinha.
-Boa noite meu amor – essa foi à última frase dita, até que o sono venceu, finalmente.
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