Micael Narrando
Eu estava no meu dia feliz, e esperava que aquele momento não acabasse tão cedo. Fazia tanto tempo que não me sentia assim. Tantos anos de preocupação, tantos anos lutando contra o destino e todos que se opunham contra nós, mas agora vinha àquela sensação de fim de filme, e sem algum motivo eu acreditava que tudo ia dar certo.
Estávamos no quarto dos nossos filhos. Nossos filhos – essa palavra trazia tanta felicidade que mal podia me conter- Enfim, Sophia analisava cada detalhe, ficou horas estacionada nos berços, passando as mãos sobre os lençóis, travesseiros, bichinhos de pelúcia e afins. Ver o rostinho dela enquanto avaliava o quarto dos nossos filhos só me deixava imensamente feliz. Seus olhos brilhavam ao se deparar com as coisas compradas. Confesso que foi a parte da casa mais esperada, e também a que mais levei tempo para organizar. Até então só tinha comprado um berço, porque era o que esperávamos. Mas depois do ultrassom, tive que correr e planejar tudo novamente para que agora coubessem os nossos três bebês. Deu trabalho, mas o sorriso dela nesse momento valia todo o esforço, e sim, faria tudo novamente.
-Preciso dizer alguma coisa ? – Sophia perguntava
-Bom, se você não falar nada, vou pensar que não gostou do quarto…
-E tem como não gostar ? – ela disse sorrindo e me abraçou – Você não existe, tenho certeza.
-Pode dizer que você tem o melhor marido do mundo, eu deixo – brinquei.
-Só porque você arrumou a casa sozinho, e fez um quarto magnífico para os bebês não quer dizer que é o melhor marido do mundo.
-Ah não? – perguntei colocando-me em sua frente e se aproximando dos seus lábios- Então o que é preciso para ser o melhor marido do mundo?
-Bom – ela respirou fundo – É preciso saber cozinhar, passar, cuidar de crianças, e ser muito bom de cama.
-Você quer uma empregada, não um marido- brinquei – Mas eu sou bom de cama, então isso me coloca bem no topo.
-Quem disse? – ela soltou dos meus braços – Você é muito convencido…
-Só posso dizer que eu me garanto…
-Esta perdendo tempo, não é tão bom assim, podemos dizer que dá pra aguentar sabe…
-Deixe de coisa amor, eu sou tão bom de cama que casaria comigo mesmo se fosse possível – comecei a rir
-Que horror – ela falou alto e colocou as mãos na barriga – Filhos, não ouçam essa perdição.
-Amor, eu aposto que eles estão dormindo, nem ligam para o que eu falo…
-Micael você tem que entender que não estamos mais sozinhos, eles não podem ouvir essas coisas obscenas. O que vão pensar da gente?
-Bom – me aproximei do seu corpo – Vão pensar que os pais deles se amam muito – disse e a beijei lentamente explorando toda a extensão da sua boa. Ela foi se rendendo ao beijo, e nossas línguas se encontraram deixando a amostra o desejo que sentíamos. Minha mãos foram para a parte de cima do seu vestido, ela ainda o usara, e eu procurava na parte de trás um feixe para que eu pudesse se livrar de tanto tecido. Minha ação foi interrompida por Sophia, que havia parado o beijo.
-Não me diga que esta querendo me deixar nua no quarto dos bebês. - ela me olhava confusa
-Eu não pretendia isso – sussurrei – Mas o clima estava tão bom…Achei que podia aproveitar um pouco.
-Não senhor – ela disse colocando o indicador nos meus lábios – Esse lugar ta muito lindo para ser bagunçado…
-Você que manda minha mulher –disse
-Dá para acreditar que daqui a alguns meses eles estarão aqui? – ela desconversou
-Pois é, e esses berços estarão abrigando três anjos, mal posso esperar.
-Às vezes fico sonhando com eles, imagino como serão o rostinho, os olhos, o cabelo…
-Eu aposto que as meninas serão como você…Mas o nosso menino vai vir idêntico a mim.
-Certeza ? – ela começou a rir – Você sonha demais amor, eu acho o contrário. A propósito, temos que escolher os nomes, eu até já organizei uma lista.
-Eu também tenho a minha lista – tossi – Estava pensando para os nomes das meninas: Diógenes e Diaria. E o nosso menino podíamos chamar de Marciano. Tenho outras opções ainda e…
-Credo Micael – Sophia disse assustada – Eles já passaram por muito pra chegar até aqui, não podemos colocar esses nomes…
-Amor eu que vou escolher. Aposto que você vai querer colocar nomes de flores, e eu não vou aceitar isso…
-Na verdade eu vou colocar o nome do nosso filho de Jacob. E as meninas podem se chamar Bela e Renesmee.
-Sophia eles são nossos filhos, não uma versão de Crespúsculo.
-To brincando amor – ela disse rindo e veio me beijar – Eu tenho uns nomes em mente…
-Bom mesmo – respirei aliviado.
-E você nem vem querer chamar meu filho de E.T. Quem já se viu…
-Marciano era o nome do meu bisavó.
-Claro, só podia ser – ela riu – Eu vou decidir.
-Tudo bem branquinha, você que manda – sorri – Mas agora a gente bem que poderia ir lá no nosso quarto e curtir um pouco o que acha?
-Ah claro, tenho uns livros maravilhosos me esperando…
-Hoje é a nossa noite amor, não vou deixar você me trocar por livros…
-Nem eu quero – ela disse sorrindo e me beijou calorosamente.
A noite só estava começando.
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