Micael Narrando
O
relógio já marcava 20h00 min , e estava começando a ficar frio. Essa era a
parte ruim de fazer uma viagem de barco, os dias são extremamente quentes, mas
em compensação quando o sol vai embora uma enorme frente fria começa a
perseguir. Então eu estava na parte de dentro do barco tirando alguns casacos e
cobertores da mala, aquela noite iria fazer muito frio, então decidi me
apressar com a arrumação, enquanto eu “aquecia” o quarto Sophia estava lá fora,
havíamos terminado de jantar e desde então não trocamos nenhuma palavra, acho
que ela precisava ficar sozinha um pouco, apenas com seus pensamentos…Mas
depois de um tempo, percebi que começara a chover, e mesmo assim ela não
descia, fiquei preocupado, peguei um casaco e subi as escadas :
-Sophia !
Sophia ! – comecei a chamar e ninguém respondeu – Que droga Sophia pare de
graça, esta frio e a chuva parece aumentar.
-Mica…saía
daqui agora….
-Onde
você esta ? Não to conseguindo ver nada – eu dizia tentando me segurar no
barco que a essas alturas já se movimentava bastante devido aos ventos fortes.
-Não
venha até aqui, te imploro….- ela gritava
-Para
de ser birrenta, vai ficar doente, apareça agora ou vou te buscar onde quer que
esteja ….
-Não,
já disse pra se manter longe…
-Teimosa
como sempre – disse e comecei a andar lentamente tomando cuidado com o chão
coberto pelas águas, fui caminhando até chegar à parte de trás do barco onde
Sophia permanecia abaixada com a cabeça entre as pernas tomando chuva.
-O
que faz aqui ? –ela disse ao notar minha presença
-Ainda
pergunta ? Olha só esse temporal, vai dormir aqui fora ?
-Sim,
afinal só temos uma cama lá dentro…
-E
o que é que tem ? Cabemos nela perfeitamente.
-Mas
não quero ….- ela disse emburrada e logo depois fez uma careta
-Ei
o que foi ?
-Estou
enjoada, esse lugar se meche demais, e esta embrulhando meu estômago – ela
disse e colocou a mão na boca.
-Aiii
não… Calma, vamos sair daqui primeiro – eu disse e logo a peguei no colo, me
parecia fraca e leve, então com muita dificuldade fui andando pelo barco
tomando cuidado com a tempestade e com o balanço do local. Então finalmente
cheguei à parte interna do barco, coloquei-a na cama e fechei a porta…
-Estou
com frio – ela dizia tremendo em cima da cama
-Mais
é claro que esta, tomou um bom banho de chuva – disse pegando um cobertor e a
enrolando.
-Nossa,
acho que vou morrer…. Não sinto meus dedos… – ela dizia esfregando uma mão na
outra;
-Acho
melhor tirar a roupa, as suas estão molhadas….
-E
dá o gostinho pra você ficar me olhando ? Até parece Micael….
-Você
acha mesmo que vou ficar te olhando ? Por favor Sophia, olha seu estado,
esta pálida, não teria essa coragem…
-Se
eu não te conhecesse- ela disse rindo
-E
se eu olhar também não vejo nenhum problema, já a vi despida várias vezes e
você sabe disso…
-Ok
, ok - ela disse tirando o cobertor de seu corpo e se livrando assim das
peças de roupa – Não preciso saber disso…
-Você
é engraçada – disse enquanto ela ficava em minha frente apenas com as partes
íntimas, claro que aquilo estava sendo o fim pra mim, seu corpo e suas curvas
exatas eram apelativos, mas precisei me segurar – Quer que eu pegue uma
roupa ? Sua mala esta logo ali, Lua colocou bastante coisa…
-Por
favor, eu vou congelar – ela disse colocando as mãos em volta do seu corpo
enquanto eu corri para a sua mala em busca de algo “decente”, mas foi viagem
perdida, já que ali dentro a maioria das peças eram : Biquínis, lingeries,
shorts, ou pequenas blusas, então desisti e acabei pegando uma blusa minha
junto com uma jaqueta, ela adorava vestir minhas roupas.
-Aqui
– disse estendendo a mão – Não são muito boas , mas é o que temos para o
momento.
-Suas
roupas ? – ela disse não entendendo.
-Sua
amiga Lua fez questão de colocar bastante coisa na mala, mas nenhuma delas dava
pra usar agora, creio que em outra ocasião podemos fazer uso – disse rindo.
-Bobo
– ela disse batendo lentamente em meu ombro – O que te faz pensar que podemos
fazer “uso” das coisas que estão lá dentro ?
-Aprendi
que não faz mal sonhar sabe – disse me aproximando dela
-Ér…
preciso me vestir logo, antes que comece a ficar roxa – disse sorrindo e logo
colocou a minha blusa e se enrolando no cobertor.
-Vem
cá – a puxei para mim de forma que ficássemos deitados na cama, meus braços
estavam envolvidos em seu corpo e ela permanecia quieta não correspondendo ao
abraço.
-Acho
que já pode me soltar…
-Não !
Ainda não parece aquecida…
-Mas
é que…
-Relaxe
Sophia, só um abraço, não vejo problema nisso…
-Começa
assim, depois….
-Depois
é você que decide, poxa só quero poder cuidar de você tabom ? Apenas isso.
-Ok…acho
que to precisando ser cuidada mesmo, não me sinto bem…
-Ainda
com o enjoo ?
-Sim,
essas viagens acabam com meu estômago…
-Estarei
aqui , não precisa se preocupar…Agora faça o favor de corresponder ao meu
abraço ?
-Esta
com frio ?
-Não
– disse sorrindo – Só preciso sentir você em meus braços de novo… Essa sempre
foi a melhor sensação…
-Se
continuar dizendo isso vou ficar sem graça….- disse sorrindo
-Ok
meu amor não precisa ficar e …
-Meu
amor ? – ela se soltou um pouco e disse olhando em meus olhos – Por
que continua me chamando assim ?
-Porque
é isso que você é pra mim…Só vou parar de dizer quando deixar de ser…- disse
tocando seu rosto com as mãos, o que a fez fechar os olhos se deliciando com
meu toque.
-Por
um acaso esta tentando me seduzir Sr.Borges ? – ela disse rindo
-Não
sei…Você é seduzível Srta. Abrahão ?
-Bom…
sinto em acabar com sua graça, mas eu não sou do tipo que se deixa seduzir
entende ?
-Entendi
– disse a puxando para meu corpo – Então, creio que essa noite só ficaremos
abraçados e nada mais….
-E
será assim até que se termine essa semana…. – ela disse colocando a cabeça no
meu peito e fechando os olhos.
-Soph
– chamei e ela resmungou – Aceitou a proposta ? Posso te conquistar ?
-Já
esta – foi apenas o que ela disse e logo caiu em um sono profundo, como era bom
tê-la em meus braços, diante de meus olhos e com seu calor em meu corpo, passei
a noite agarrado em sua cintura com medo de que aquela doce Sophia que se
encontrava em minha frente acordasse amarga no dia seguinte…..Mas tentei não
pensar, a vida ensina que o que vale é aproveitar o momento.
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