Sophia Narrando
O dia logo amanheceu, eu abri lentamente os
olhos e quando tentei me levantar da cama percebi que algo me impedia. Eram os
longos e fortes braços de Micael, ele me tinha em seu corpo e mesmo que fosse
fácil sair dali confesso que não queria. Tabom, eu talvez fosse um pouco
marrentinha como ele mesmo havia dito, mas tinha o meu lado dócil e “mole”, e
este sempre cedia quando estava ao lado dele…Então ao vê-lo ali tão próximo ao
meu corpo senti uma onda de calor me queimar por dentro, só por o olhar já
sentia que estava ardendo em chamas, era esquisito, mas pura verdade…Sem que
ele percebesse me movimentei de forma que ficasse em cima do seu corpo, ahhh
como estava com saudades de acordar com ele ao meu lado, como sentia falta
daquele calor me envolvendo a noite…E foram nesses pensamentos que eu comecei a
passar as mãos em seu corpo e logo encostei em seu pescoço depositando ali um
beijo, fui levando minhas mãos a caminhar por seu abdômen e já não mais
aguentando me inclinei de forma que nossos lábios se chocassem levemente e foi
nesse instante que o senti mexer:
-Hum ? – ele resmungou ao abrir os olhos
e ver que eu estava totalmente encaixada em sua cintura.
-É….me desculpe..eu… – tentava encontrar
palavras, mas não tive sucesso, afinal não dava pra explicar o que estava
acontecendo, nem eu mesma sabia.
-Tudo bem Soph – ele me olhou e soltou um
sorriso sincero que arrebatou meu coração.
-Não – me afastei de seu corpo e me pus de pé
– Não esta nada bem, eu não deveria ter….
-Calma Sophia, já disse que tudo bem – ele
segurava meu braço.
-Aiii eu sou muito tola mesmo, que papelão –
dizia com as mãos na testa tentando me controlar, mas aquilo era terrível, ele
tinha o dom de me fazer ficar sem graça.
-Papelão por que ? Não vi nenhum mal,
posso até dizer que adorei ser acordado desse jeito sabia ? – sorriu
-Não perde mesmo esse seu jeito, mas vou logo
dizendo que isso foi apenas uma…uma…uma…
-A Sophia não se faça de durona, diz logo que
você adorou dormir comigo vai- ele brincava
-Adorei ? Poupe-me Micael, nunca dormi
tão mal na vida, você se mexe demais…- cruzei os braços
-Sério ? Bom, porque tive a impressão
que você ficou a noite toda agarrada em mim, isso é sinal que eu me mexi e você
mesmo assim me procurava para abraçar.
-Fazia frio – alfinetei
-Tabom, eu vou fingir que acredito nisso
ok ? Fica mais calma agora ?
-É…fico…até porque não foi nada…
-Ahhh claro que não, você me acorda com
beijos e isso não significa nada, vou querer esse “nada” a noite também pode
ser ? – ele brincou
-Safado, é isso que você é….
-E você não gosta nem um pouquinho né ?
-Não – virei as costas, vê-lo em minha frente
era algo extremamente tentador.
-Costumava gostar antes – ele se aproximou
balbuciando aquelas palavras em meu ouvido o que me arrepiou por inteiro.
-Já te disse que “nós”, é “passado”.
Agora Vivo o presente.
-E o futuro ? Nosso futuro…- não perdeu
a oportunidade e logo me puxou pela cintura.
-Fu..tu…ro ? Este esta longe, e não me
pertence mais….
-Consegue ficar ainda mais sexy quando me
alfineta sabia ? – ele disse e começou a beijar meu pescoço levemente.
-Seus comentários são horríveis ! A
propósito, não me beije assim – consegui livrar-me de seus braços e caminhei
pelo quarto tentando me esquecer o quão lindo ele estava.
-Por que não quer meus beijos ? A
minutos atrás tive a impressão de ser beijado…Aliás, deveria fingir que estava
dormindo só pra ver onde você iria.
-Não iria a lugar nenhum, até porque seus
beijos são nojentos – da onde eu tirei aquilo ? Os beijos dele
nojentos ? Mas é claro que era mentira, pena que foi a única coisa que
veio em minha mente.
-Se os acha tão ruins porque o quis mais
cedo ?
-Foi um…equívoco – consegui se lembrar da
palavra- Isso mesmo, um grande equívoco, acho que estava sonhando e quando fui
ver estava em cima do seu corpo e….
-Minha paciência acabou – ele falou aquilo e
antes que eu pudesse dar um passo ele se pôs em minha frente encostando meu
corpo na parede – Você achou horrível meu beijo naquele apartamento onde tudo
começou, e só aí descobri que era só armação, então agora vou tomar isso como
um elogio.
-Nem tente Micael – disse quando ele se
aproximou dos meus lábios.
-Pode falar o que quiser, não te solto –
pegou minhas mãos e as segurou com força, pressionando seu corpo contra o
meu. -Eu não sou burro Sophia, acordei cedo hoje e enquanto você me
acariciava estava consciente, o bastante pra perceber o quanto seu corpo me
desejava – ele sussurrou aquilo em meus ouvidos e por um triz não me desfaleci.
-Cretino – disse firme
-A coisa ta ficando boa - disse e
colocou suas mãos em baixo da blusa que estava vestida, alisando assim minha
barriga – Não sente falta disso ? De mim ? De nós ?
-Falta é como o vento, dá e passa…Depois de
um tempo você se acostuma com a ausência de algumas coisas.
-Como esta difícil – ele não se aguentou e
deu risada – Vou te deixar em paz, até porque não quero te amarrar igual da
última vez, já disse que quero você, insisti demais, e agora você decide…
Quando ele terminou de dizer aquilo pegou sua
camisa e subiu, eu então fiquei perdida. Todas as vezes que ele me deixava
ficava perdida e estranha. Naquele momento senti raiva de mim mesmo, raiva por
estar sendo tão dura e infantil, raiva por não ceder aos meus próprios desejos,
se havia alguém naquele mundo que o ansiava, esse alguém era eu, uma parte de
mim queria ser forte e esquecer de todo o sentimento, mas a outra parte gritava
desesperadamente por seu amor, e esta era a maior…Acho que esta na hora de se
render…De dizer o que as palavras que meu coração esta cheio, de dizer o tão
lindo e majestoso “ eu te amo”.
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