Narrador
A vida é feita de fins que nos levam a outro começo. Hoje dói e amanhã nem tanto. Então calma na alma que a vida se encarrega de explicar o que não faz sentido agora. Só o tempo coloca as coisas no lugar, o inexplicável agora, se esclarece amanhã.
As meninas estavam no meio do salão, embaladas pelo som da música alta. Aquele lugar estava cheio demais, pensava Sophia. Ela tentava dançar, se envolver no ritmo, mas a imagem de Micael não saía de sua cabeça, e algo dentro de si a alertava que aquele local não era seguro. Ela começou a ficar um pouco tonta, respirou fundo esperando passar, mas não teve sucesso. Então se afastou da multidão e sentou em uma das mesas pedindo ao garçom um copo de água. As meninas vieram logo em seguida:
-Tudo bem Soph? –Mel perguntava
-Mais ou menos…Só estou um pouco tonta, deve ser a multidão….
-Você quer comer alguma coisa? – Lua
-Não, estou bem assim, só preciso de alguns minutos sentada e daqui a pouco tudo volta ao normal. Podem voltar à pista de dança.
-Esta louca? – Lua perguntava – Se acha mesmo que vamos deixar você aqui? Micael nos mataria. Temos ordens expressas dele para não te abandonar em nenhum minuto, então não tente fugir da gente.
-Isso mesmo, sem contar que você está grávida, não pode ficar sozinha - Mel
-Acho que devemos ir embora Mel – Lua dizia se levantando
-Nem pensar meninas. Não quero estragar a nossa noite juntas. Faz tempo que não curtimos assim.
-Eu sei Sophia, mas acho que podemos ir a um restaurante, afinal, já dançamos bastante – Mel.
- Ahhh não – resmunguei – Isso não tá certo.
-Mas Soph, você não pode ficar aqui desse jeito- Lua explicava.
-Só mais cinco minutos. Se eu não melhorar a gente vai embora ta bom?– Expliquei
-Tudo bem, mas se não estiver se sentindo bem fale imediatamente- Lua ordenava.
-Fiquem calmas, é o filho de Micael que está aqui dentro, na certa deve estar com ciúmes da mãe –Brinquei.
-Como podemos nos esquecer. Sophia tem razão, esse bebê já tem um preferido, é o pai dele- Mel.
-Perdeu o lugar Sophia – Lua ria incansavelmente até que o garçom parou na frente da mesa dando a água para Sophia e junto lhe entregou um bilhete.
-Pediram para te entregar – Ele disse formalmente e depois saiu dali deixando-as curiosa.
-Será que é um admirador? – Mel perguntava empolgada.
-Se for, temos que rasgar esse bilhete me mil pedaços ou Micael prenderá Sophia em casa e nunca mais ela vai sair – Lua.
-Que exagero! Meu amor não é assim- expliquei.
-Você que pensa. Ele esta pior com você carregando um filho dele – Lua – Me ameaçou antes de sair de casa, tenho que levar você em boas condições.
-Que horror – Ela disse pegando o bilhete e abrindo – Me deixa ler logo isso. Vamos ver quem é o engraçadinho – Sophia dizia rindo e começou a ler o bilhete, que já a assustou na primeira linha.
“Era vez uma princesa da cidade grande. Ela vivia razoavelmente bem em seu mundo encantado, até que foi mandada para um lugar desconhecido. Ela se sentia perdida, indefesa, até que tudo mudou quando conheceu alguém. Ele não era o modelo certo a seguir, mas a enfeitiçou no primeiro toque, e a princesa nunca mais se permitiu gostar de alguém. Passou os tempos e ela gerou um bebê, esse bicho que nunca chegou a nascer, ela não o segurou, nem se quer o beijou e abraçou, mas isso foi bom, porque esse “ser” só iria estragar os planos da vida…Os dias passaram, e as coisas permaneceram bem, até que ela quis gerar novamente uma vida. Tenho dó dessa princesa, acha que está grávida quando não está, e mesmo que estivesse esse “ser” nunca chegaria a nascer, porque a sua volta os “lobos maus” permanecem pronto para lhe impedir de crescer. Querida princesa, eu sou o seu príncipe, aquele que você deveria ter amado, mas isso não aconteceu pois cheguei atrasado. Só quero dizer que ainda te espero, e não crie esperanças, esse bebê não vai nascer, você nem vai chegar a ver. Só mais uma coisa, não saía desse lugar, lá fora pessoas te esperam, fique aí dentro e espere o tempo passar, e em breve juntos vamos estar. A propósito, espero que Micael tenha dado o último beijo em sua barriga, pois hoje voltará para casa com ela vazia. “
Quando Sophia terminou de ler aquele bilhete seus olhos se encheram d’água. Ela mal conseguia respirar, viu tudo a sua volta girar e algo dentro de sua barriga se revirar. Ela então entendeu o porquê se sentia tão mal naquele local, algo estava prestes a acontecer, ela só pensou em seu filho, e em Micael.
-Sophia, isso é uma brincadeira, só pode – Mel dizia virando o papel tentando ver alguma assinatura.
-Quem foi o infeliz que escreveu isso? – Lua dizia nervosa e Sophia estava inerte apenas com a mão na barriga. – Sophia? Sophia? Sophia?
-Eu preciso do Micael – ela resmungou fraca.
-Sim, já estamos ligando pra ele – Mel dizia com o celular na mão. Suas mãos nervosas buscavam o número dele na agenda.
-Vamos sair daqui – Lua pegou a mão de Sophia e a arrastou para a porta imediatamente, só que ela se soltou em protesto.
-Não posso sair, eles vão estar lá fora…- ela dizia em prantos
-Eles quem Sophia? – Lua – Você nem sabe quem escreveu isso.
-Não sei mesmo…Mas seja quem for, vai estar lá fora…Liguem para Micael…
-O celular dele só dá fora de área…Vamos sair sem ele…
-Não…Meu filho – ela dizia chorando – Vai acontecer alguma coisa meninas. Por favor, não deixem que aconteça, por favor.
-Soph você precisa ficar calma, está tudo bem, estamos com você. Vamos pra casa agora – Mel
-Mas e se… – Quando Sophia ia começar a dizer algo, um som ensurdecedor tomou conta do ambiente. E logo depois uma fumaça começou a se espalhar no local. Quando elas olharam pra tás viram que na pista de dança tinha fogo, e automaticamente todas as coisas ao redor estavam queimando. Elas se entreolharam e olharam a sua volta, todo mundo começava a acorrer e gritar desesperadamente. Foi nesse momento que Lua segurou a mão de Sophia e começou a conduzir para a porta novamente tentando se desviar da grande multidão, mas algo a puxou, algo muito forte. Dois homens seguraram Sophia pelo braço a tirando dos braços de Lua, eles usavam capuz, e quando Lua foi interver eles se opuseram:
-Sua amiga estará de volta daqui a alguns instantes, só vamos cuidar do filho dela – Eles explicaram, e pegaram Sophia a força. Lua e Mel tentaram impedir, mas foram impedidas quando o outro homem as empurrou no chão. Depois dali, tudo foi um mistério. Sophia foi carregada para fora do salão, que agora ardia em chamas, o a vida de seu filho corria perigo. Dentre estantes ela e Micael perderiam seu sonho.
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