Narrador
Não importa a idade que você tem, nem mesmo se é uma pessoa famosa ou se vive no anonimato. Também não importa se está a passar por uma derrota ou se está no auge do sucesso, nem importa também se, em algumas situações, você está angustiado, tenso, desesperado e tem de admitir que não estava certo. A vida às vezes te dá sinais, e você precisa entendê-los. Algumas coisas acontecem contigo por conta da teimosia, da insistência, depois as pessoas acabam colocando a culpa nos outros e no mundo, mas sabe quem é o verdadeiro culpado de tudo? Você. Temos que aprender a desistir, a voltar atrás, e a ouvir, quem sabe assim o mundo seria mais fácil.
A porta caiu. Qualquer pessoa que fosse analisá-la diria que um trator a derrubou, mas não foi, era Micael. Não era à força de um humano qualquer que a tinha derrubado, foi à força de um noivo e pai desesperado. O desespero faz isso, nos dá forças, nos impulsiona, ele na verdade revela o verdadeiro “eu”. Micael entrou na porta em disparada, Sophia respirou aliviada e não deu tempo de falar nada, antes que ela colocasse a blusa ele já havia derrubado o homem no chão, o outro companheiro saiu em retirada deixando o amigo só. E depois disso tudo aconteceu rapidamente, como num flash. Micael a essa altura já havia “deformado” o rosto do rapaz, o sangue tomava o chão e Ele soava frio. Sophia tentava pedir ajudava, mas estava começando a passar mal, era muita coisa acontecendo num momento só. Ela tentava impedir Micael, pois este estava a ponto de matar o criminoso, mas foi uma tentativa falha, já que ninguém a ouvia. Ele estava furioso, fora de si, e em um súbito ele se levantou deixando o rapaz no chão e colocando seu pé na garganta do mesmo que tossia repetida vezes:
-Agora me diz, você trabalha pra quem? – Micael perguntava empurrando o pé dele mais fundo na garganta.
-Pra…ninguém….- respondia fraco
-Não tenho todo o tempo do mundo. Eu vou te dar duas opções: ou você fala ou você fala tudo bem? Lembrando que uma das duas opções te deixará morto- Disse bravo
-Não o conheço – revelou
-Como assim não o conhece? Como ele te contratou então?
-Tratamos tudo pelo telefone…e o dinheiro foi entregue por um segurança.
-Olha, eu acho bom você me contar tudo. Não estou em um dos meus dias bons, se você não contar…
-Eu não sei de nada, juro…Ele só entrou em contato, ofereceu o dinheiro e pronto. Disse que era pra gente injetar um medicamento abortivo na veia dela e só.
-Por que? Por que essa pessoa quer matar meu filho hein ? – Ele dizia empurrando o pé cada vez mais.
-Não sei. Ele apenas mandou e viemos cumprir…
-Olha, eu ainda acho que você ta me escondendo alguma coisa – Micael se abaixou e lhe mostrou uma faca – Eu não sou desse tipo de homem que sai matando as pessoas, mas você tem noção do que fez ? Você tentou matar o meu filho, e isso não tem perdão, se você quase matou um bebê que não tem culpa de nada, imagina o que eu posso fazer com você que causou tudo isso?
-Ok. Eu falo…eu falo…mas me deixe viver por favor – O rapaz implorou – Eu não sei quem nos contratou, como disse foi tudo pelo telefone e contato de terceiros, a única coisa que sei é que você e sua namorada são motivo de raiva para muitas pessoas. Tem um grupo que ta pagando muito bem pra quem conseguir tirar o filho de vocês entende? Fomos o segundo contratado, se não há sucesso ele logo faz outro plano. O salão foi o plano perfeito, tudo nos conforme, colocamos a bomba na pista onde ela estava e tava tudo certo, o local pegou fogo e trouxemo-la para esse quarto, tudo estava agindo no curso natural, o remédio estava quase em sua veia, depois de minutos o feto estaria morto, mas sua namorada resolveu se sacrificar pelo seu filho…
- Como? – Micael perguntava sem entender o que estava acontecendo, olhou para trás e viu Sophia encolhida no canto chorando, atônita por tudo que sucedera.
-Isso mesmo que ouviu. Ela nos implorou para que não injetássemos o remédio, e como pagamento ela se deitaria com a gente.
-Safado ! – Micael disse firme e deu mais um soco em sua barriga – Que tipo de animal você é? Deveria enfiar essa faca agora mesmo em seu peito e te deixar aqui agonizando horrores pelo que estava prestes a fazer.
-Por favor, não faça isso – ele se encolheu – Vocês precisam sair daqui. Eu não sou o maior problema, sou apenas um empregado, se eu fosse vocês se preocuparia com o grupo que quer vê-los separados.
-Mas me diga…como sabia que ela estaria aqui?
-O celular foi grampeado…Vocês não percebem mas estão sendo vigiados, não digo dentro da casa, mas fora, todo mundo sabe onde estão e com quem estão.
-DROGA. Eu vou achar esse desgraçado e acabar com a raça dele – Micael confessou – Quanto eles estão pagando?
-Milhões! Se alguém conseguir matar o filho de vocês ganhará milhões. Se eu fosse vocês sumiria dessa cidade pra sempre.
-Ok – Micael disse e o largou no chão fraco e sem forças agonizando de dor – A polícia chegará a tempo para te prender.
Essas foram às últimas palavras ditas por Micael, depois disso ele se aproximou de Sophia e a cobriu com sua blusa, beijou-lhe a testa e secando suas lágrimas disse:
-Acabou, acabou…- disse a pegando no colo – Vamos pra casa e tudo ficará bem.
-Que bom que você chegou, estávamos com medo – confessou quando estava em seu colo. Seus braços apertavam o pescoço de Micael, e sua cabeça reclinava em seu peito sentindo o calor de seu corpo.
-Eu sigo você até o final da Terra lembra? – Ele disse e ela com um sorriso fraco assentiu – Pois bem, promessa é promessa.
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