Narrador
Houve um silêncio no quarto, Micael
parecia estar nervoso, e os pais de Sophia não tinham reação alguma aquela
situação. De certo, ela sabia ser teimosa quando queria, e todos sabiam bem
disso.
-Eu não quero ficar sozinha com você –
Sophia respondia
-Por favor Sophia, vocês precisam
conversar – Branca acalmava.
-Eu não tenho nada para conversar com
o cara que me abandona durante o dia para ir atrás de outra.
-Ouça o que ele tem a dizer – Renato
-Já disse, não quero saber de nada.
Micael teve coragem de levar uma “biscate” para o escritório que era pra ser
nosso...- se esforçou para dizer aquilo, sentiu uma vertigem.
-O que tens ?- Micael disse encostando-se
a ela.
-Não encosta em mim, eu tenho nojo de
você – disse com fúria. Aquilo tinha doído nele.
-Chega Sophia – Micael respondeu firme
– Dona Branca, Sr. Renato, preciso que se retirem desse quarto, agora.
Com aquela ordem todos saíram do
quarto, ficando apenas Sophia, Micael e o silêncio ensurdecedor no mesmo. Ela
mantinha as mãos na barriga, e controlava a respiração.
-Sério que estamos brigando ? – Ele
se aproximou – Faltam duas semanas, e estamos brigando?
-Você causou isso, não culpe a mim.
-Eu causei o que Sophia? Desde a hora
que cheguei não sei o que esta acontecendo, só estou vendo você dizer
barbaridades sobre mim.
-Só disse a verdade.
-Estamos com os seus pais aqui, eles
não são obrigados a saber da nossa vida íntima.
-Tenho que contar sim, para eles
saberem com quem eu me casei...
-Eles tem essa ciência, pois me
apoiaram no casamento.
-Vocês todos se ajudam, e quem me
ajuda?
-Amor...- ele se aproximou – Todos estão
aqui querendo te ajudar, todos te amam.
-Não quero saber dessa droga de amor –
disse irritada.
-O que aconteceu princesa, por favor,
me fale, pois eu jurava que tinha deixado um anjo deitada, e agora receio que
esteja com uma fera descontrolada.
-Não ouse ficar brincando comigo. Não
sou uma criança que você pode dominar.
-Amor –ele segurou suas mãos – Pela última
vez, o que houve?
-Isso Micael – ela estendeu o celular – Você anda
trocando mensagens com uma amante. Como pode fazer isso comigo?
-Ah não Sophia.... De novo não –ele coçou
a cabeça – Não é nada disso que esta pensando...
-Eu sou uma “burra” agora?
-Você esta imaginando coisas...
-Eu não imagino nada, trabalho com
fatos, e eu ando muito atenta a você, mas hoje foi o fim. Deixar-me sozinha
durante à tarde para se encontrar com outra? Não tem sequer consideração por
seus filhos e...
-Eu odeio amar você Sophia – ele disse
sorrindo e a puxou para um beijo caloroso. Ela não correspondia, mas ele foi
insistente e a venceu pelo cansaço. Suas mãos corriam pelo corpo dela com sede,
como se precisasse daquilo para viver, e ela atendia a cada toque, cedera a
todos os movimentos, até que...recobrou os sentidos, lembrou –se das mensagens
e mordeu os lábios de Micael, aquilo foi capaz de feri-lo.
-Isso é pra você aprender a não mentir
nunca mais pra mim. Me toma como uma qualquer, uma imbecil, estúpida, que não
entende nada sobre a vida, mas eu entendo sim, e quero que saía daqui...
-Não vou sair de jeito nenhum, se
quiser, vai ter que me tirar à força, e como sei que ama nossos filhos a ponto
de obedecer ao repouso, não fará tal tolice.
-Micael, eu te odeio.
-E eu odeio o fato de você sempre
desconfiar de mim – ele disse andando e fechou a porta do quarto com chaves, e
logo depois lançou a mesma por debaixo da porta – Pronto.
-O que você fez?
-Tranquei a gente aqui e joguei a chave
para não correr o risco de você sair, quando nos resolvermos peço pra Maria abrir
a porta. Afinal, você só me ouve quando eu te tranco em algum lugar, lembra-se?
-Não me lembro de nada...
-Claro que lembra – aproximou-se –
Ficamos trancados no apartamento, um final de semana inteiro. Você era linda
demais, e eu tinha tanto medo de te machucar...Eu só queria te ver sorrir pra
sempre...
-Esta tentando me beijar ?
-Não, você disse que estava com nojo
de mim, então só vou fazer quando você pedir. Como fiz aquele dia no
apartamento.
-Para de falar daquele dia –ela cruzou
os braços.
-Não gosta de lembrar o quanto
estávamos felizes ? – ele sorriu – Você não queria dormir ao meu lado, dizia
que tínhamos que tomar cuidados com os beijos...
-Você era ousado demais.
-Porque você me deixava louco ao
dormir com aqueles panos que insistia em chamar de camisolas...Foi difícil ficar
tão perto de você e não poder fazer nada.
-Você me respeitou em todo o tempo.
-Porque você era diferente de todas
as outras que tinha conhecido.
-Me surpreendo que tudo isso tenha
passado, e hoje você não tem qualquer respeito comigo.
-Não diga essas besteiras. Eu ainda
sou o mesmo do apartamento, e te amo ainda mais.
Um silêncio se formou.
-Você tinha achado as chaves no
sábado –ela sorriu – Mas a manteve guardada porque queria ficar comigo o
restante do final de semana...
-Eu sabia que você sairia de lá assim
que achasse as chaves...Quis estender um pouco mais nosso tempo...
-Foram dias bons...
-Eu digo que foram
enlouquecedores....Ver você tomar banho e não poder sequer tocar em você foi um
castigo – ele sorriu – E agora que podemos viver livres, nos beijando e
aproveitando o tempo juntos, você resolve acreditar em uma mentira.
-Uma mentira pra você, porque pra mim
é verdade...
-Podemos tomar banhos juntos agora,
tem noção o quanto eu sonhava com isso? E você esta estragando tudo por puro
ciúme...
-Micael...
-Eu te amo merda – ele gritou – E não
posso fazer você mudar de ideia, mas posso dizer que tenho sido fiel todos os
dias da minha vida, pois eu não ousaria estragar o momento mais feliz da minha
vida...
-Falas a verdade?
-Princesa, eu lutei muito por você.
Tive que trabalhar duro pra você acreditar que não existia mais Aline, nem as
outras do passado. Tive que suportar te ver as escondidas, briguei com seus
pais e com todos os outros que ficaram no caminho. Visitei-te em um convento...Aquela
merda de convento! Quase perdi você...inúmeras vezes...Eu seria louco se jogasse
tudo por causa de um sexo, sendo que tenho o melhor orgasmo quando estou com
você.
-Achei que isso fosse uma declaração...
-Eu faço todas as declarações pra
você, mas acredite em mim.
-Me prova que falas a verdade.
-Eu sou a prova da verdade, nosso
amor, nossa história, e esse time de futebol aí na barriga – ele tocou com as
pontas dos dedos a barriga dura de Sophia – Nós somos a prova.
-Me beija, agora – ela disse sorrindo,
e ele atendeu ao pedido sem pestanejar. Ela havia acreditado, mesmo sem provas,
ela acreditara no amor.
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