Sophia Narrando
Eu não estava me sentindo bem, mas
não queria preocupar Micael com mais uma coisa naquele dia. Tinha sido rude
demais ao imaginá-lo me traindo, e não seria viável incomodá-lo com mais uma
coisa. Então, apenas me certifiquei de ficar com ele ali, e aproveitar nosso
momento. Talvez quisesse isso pelas lembranças que ele tinha falado anteriormente.
Tudo tinha vindo em minha memória e eu ficava feliz por ter vivido tantos
momentos bons e até ruins ao seu lado, mas a verdade é que lembrar de tudo me
deu muita saudade.
-Agora eu não paro de pensar –
resmunguei deitada em seu colo.
-O que te incomoda branquinha ? – ele
perguntou mexendo em meus cabelos
-Eu não consigo parar de pensar em
tudo que você relembrou.
-Isso é maravilhoso, olhar pra trás e
ver que já vivemos tantos momentos bons e que ainda estamos aqui depois de
tanto tempo.
-Pra mim é torturador.
-Não gosta do passado então?
-Gosto, mas é que acabo sentindo
saudade.
-Que bom que sente né? Se me falasse
o contrário já ia pensar que não me ama mais.
-Seu bobo...Isso não é possível –
sorri – Te amo o suficiente para 88 vidas.
-Isso me tranquilizou bastante –
sorriu
-Eu fico pensando no passado e fico
com saudade e agoniada, porque tivemos problemas todas as vezes que tentamos
ficar juntos, e agora parece que ta tudo “tão bem”, que chega a assustar.
-Meu amor, o que importa agora é que
estamos juntos, o que vai acontecer amanhã não nos interessa.
-É. Você tem razão. Estou sendo uma
boba...
-Muito boba mesmo, que prefere ficar
pensando em besteira ao invés de me beijar muitas vezes “com língua” – ele riu.
-Dissimulado – completei – Vem aqui –
o puxei para mim e iniciamos um beijo calmo.
-Eu amo esse beijo seu...- revelou –
Se tivesse como guardar ele num pote, eu guardava.
-Guardar pra que? Sendo que pode ter
ele todos os dias?
-Guardar pra quando sentir saudade,
quando sentir falta, guardar pra quando você ficar “paparicando” nossos filhos
e me esquecer – brincou.
-Te esquecer ? – risos – Como se você
não fosse estar grudado na gente o tempo inteiro né?
-É. Talvez eu esteja agarrado em
vocês mesmo, caso não tenha nada melhor – risos
-Quero mais beijos – disse e selou
nossos lábios calmamente, senti o frescor de sua boca, e sua língua pedia
passagem, concedi, sorrindo de nossas conversas. O beijo se intensificou e ele
parou.
-Você esta bem ne? Fiquei pra cuidar
de você, não para tirar suas forças.
-Eu estou maravilhosamente bem.
-Que bom, assim sei que esta tudo
certo com minha família....
-Agora podemos voltar de onde
paramos?
-Seu desejo é uma ordem princesa . –
iniciamos o beijo mais uma vez, caloroso, como sempre. As mãos de Micael passavam
pelo meu corpo vagarosamente como se quisesse guardar algum detalhe em sua
memória. Podia sentir o riso que ele dava vez ou outra dentro de cada beijo, eu
o amava. Percorreu as linhas de meu corpo até pararem nos meus seios – Vou
precisar ficar muito tempo sem eles?
-Um pouquinho, é o novo “restaurante”
dos seus filhos.
-Torturador não é lembrar-se do
passado, torturador é um pai de família ficar sem alimentação por semanas a
fio.
-Alimentação?
-É minha alimentação também.
-Estão ouvindo isso bebês ? – Disse
passando a mão na barriga – O pai de vocês está querendo tomar algo que é
determinado a vocês.
-Eles me entendem, deixa eu falar –
Ele disse isso encostando a boca em minha barriga e sussurrando – A realidade é
que eu cheguei antes de vocês, então tenho mais direitos, porém como quero que
cresçam fortes e saudáveis, estou abrindo essa exceção por algum tempo...Mas é
por algum tempo viu? Não se acostumem, pois ainda os privilégios são meus.
-Micael eu... –antes que pudesse
falar algo senti chutes em minha barriga, era um verdadeiro campo de futebol –
Eles estão chutando.
-Eu disse que eles preferem a mim –
se gabou –Deveria saber que tenho um fã clube.
-Não é novidade, eles chutam assim
pra você desde o início da gravidez.
-Estou cedendo algo muito importante
pra eles, o mínimo que posso receber é ser “idolatrado”.
-Mas é um bobo mesmo viu – o beijei.
-Eu sou o cara mais sortudo dessa
Terra.
-Claro que é –disse rindo
-Obrigada pelos nossos filhos, eu
nunca vou te agradecer o bastante.
-Seu bobo, eles são o nosso presente –
disse isso e nos abraçamos.
-Eu...eu...eu vou abrir a porta – ele
disse levantando e eu pude notar seus olhos marejados.
-Amor, o que foi? Disse algo que não
gosto?
-Já esta na hora do jantar, vou pedir
para Maria servir os seus pais, e eu como aqui com você...
-Micael...- chamei-o –Olhe pra mim.
-Eu preciso chamar Maria – ele disse
e seus olhos continuavam lacrimejados.
-Eu disse alguma coisa que te
machucou ? Me diz meu amor...
-Não, não foi você princesa – segurou
em minhas mãos – Eu só estou emocionado.
-Sim, todos nós estamos mas...
-Eu só quero que daqui a duas semanas
você já esteja com eles nos braços.
-Nós vamos estar amor, falta pouco
tempo.
-Eu sei, e é por isso que estou
assim, porque quero muito que esse dia chegue...
-Vamos curtir o momento juntos.
-Sophia –ele chamou- Você me ama?
-Que pergunta tola, claro que te amo
meu amor.
-Então por favor, promete que nada
fará seu amor mudar por mim.
-Nada meu pretinho, nada vai mudar.
-Nem mesmo se alguma coisa acontecer?
-Nada vai mudar, eu juro – passei a mão
no seu rosto – Eu sei que esta ansioso, são muitos filhos de uma vez só – disse
rindo – Mas vai ficar tudo bem, seremos ótimos pais.
-Você será uma mãe incrível –Ele
disse e foi até a porta – Maria, por favor, abre a porta.
A porta se abriu e ele saiu do quarto
tão rápido que mal pude dizer o quanto ele seria um pai maravilhoso. Ele deveria
saber.
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